Não existem motivos para correria, buzinaços, estresse ou passos apertados. Montevidéu te convida a caminhar sem pressa. A capital com cara de cidade pequena é plana e pode ser percorrida a pé. Bastam alguns passos para que seus cantinhos sejam descobertos.

Um pouco praia, um pouco metrópole, um pouco interiorana, moderna, com estilo “retrô”. Assim como Buenos Aires, a capital uruguaia também traz consigo um pedacinho da Europa, refletido, principalmente, na arquitetura antiga e geralmente bem conservada. Avenidas largas e prédios baixos conferem a Montevidéu um clima de anos 50, especialmente na Ciudad Vieja.

Localizado perto do porto, o bairro mais antigo da capital mantém as construções originais, proporcionando uma sensação de viagem ao tempo. Livrarias e museus da época colonial ficam espalhados por ali. A Puerta de la Ciudadela, na Plaza Independencia, demarca o início do centro histórico e é um dos resquícios do período em que a cidade era cercada por uma muralha.

Ao desembocar na praça você dará de cara com o monumento em homenagem ao general Artigas, responsável pelo movimento de independência do país – o Uruguai chegou a ser anexado pelo Brasil, lembra-se? Dali é possível avistar as altas torres de aspecto gótico do Palácio Salvo, um dos prédios mais emblemáticos de Montevidéu que, infelizmente, não está aberto à visitação. O aspecto imponente esconde a falta de manutenção no seu interior após anos de má gestão. A administração do prédio residencial analisa um projeto de instalação de um mirante para que turistas contemplem a espetacular vista da cidade de seu topo. Em breve, quem sabe…

Enquanto isso, você pode ter uma visão 360° da cidade do Mirador Panorámico, de cima do terraço da prefeitura localizada na Avenida 18 de Julio – a mais importante da cidade. A entrada é gratuita.

Outra joia local é o Teatro Solís, datado de 1856, que oferece concertos, óperas e shows o ano todo. Quem quiser praticar o espanhol pode fazer uma visita guiada gratuita, oferecida uma vez por semana. O tour em outros dias e idiomas (inclusive em português) é cobrado. Vale a pena pela riqueza dos detalhes: os guias contam histórias e curiosidades interessantíssimas.

Os uruguaios são grandes consumidores de experiências culturais. Galerias de arte, livrarias e feiras de antiguidade se inserem naturalmente no cenário da cidade. A feira mais tradicional é a que se instala aos sábados na Plaza Constitución. A praça, popularmente conhecida como Plaza Matriz, foi o centro nacional por localizar-se em frente ao Cabildo de Montevidéu, sede do governo colonial, e à Catedral Metropolitana.

Ainda no centro antigo, não deixe de tomar um cafezinho no tradicionalíssimo Café Brasileiro, considerado a segunda casa do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano.

Um bom lugar para “se perder” é rua Sarandí. O calçadão, de uso exclusivo dos pedestres, concentra lojas, cafés, casas de câmbio e várias vitrines interessantes. Quando bater a fome, siga até o final da rua, sentido porto. Reserve um tempinho para almoçar no Mercado del Puerto: suculentos pratos típicos – como as parrilladas no balcão e grande variedade de frutos do mar frescos – enchem os olhos (e o estômago!). Sextas, sábados e domingos são os dias mais cheios e o  à noite, quando a Ciudad Vieja morre, só funcionam os restaurantes que têm entrada externa. Dizem que a melhor picanha de Montevidéu está lá…

E se o Rio da Prata é o mar dos uruguaios, a Rambla é a avenida da praia, onde o pôr-do-sol é mais bonito. Ao longo de sua extensão (22 km), você vai ver ciclistas, corredores, cachorros, viajantes e pessoas relaxando, sempre com garrafas térmicas de mates na mão. A praia de Pocitos é uma das mais bonitas e tranquilas: cenário ideal para curtir um dia ensolarado.

Os uruguaios também são apaixonados por futebol. O Estádio Centenário, construído em 1930, com capacidade para aproximadamente de 65 mil espectadores, foi palco da primeira Copa do Mundo. Lá, fica o Museu do Futebol: um espaço cheio de recordações e histórias para os amantes do esporte mais popular do mundo.

Montevidéu é uma cidade calma e segura, inúmeras opções de bons restaurantes e uma vida noturna agitada. Essa é a capital oficial do ‘respeito aos pedestres’, onde motoristas param na faixa. Moradores gentis não se incomodam também em dar informações e ajudar turistas e intercambistas.

Eduardo Galeano escreveu um dia que em Montevidéu “as pessoas se amam sem dizer e se abraçam sem se tocar”. Quem está acostumado com o caos de grandes metrópoles terá a sensação de que a capital uruguaia vive um eterno feriado. Em alguns momentos, ruas quase desertas são tomadas por ondas de silêncio. Não se assuste: a cidade está apenas reforçando que ali existe tempo de sobra para andar, respirar e viver.

Então, pra quê pressa? Descubra Montevidéu.